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Defesa pessoal - Estudo  
 
Devemos iniciar este estudo nos perguntando o que é a defesa pessoal? Essa conceituação e seu perfeito entendimento são muito importantes para definirmos exatamente a filosofia que o profissional de segurança privada deve ter em sua mente e vida. A defesa pessoal é uma técnica de reação. Afirmo isto para lembrar que um bom profissional de segurança privada deve primeiramente procurar prevenir, através da atenção, atitude correta, postura profissional e procedimentos operacionais bem definidos e conhecidos por toda a equipe, desta forma evitando na maioria das vezes que o marginal chegue as vias de fato. Digo reação, pois primeiramente deve haver uma ação por parte do criminoso, esgotadas as chances de prevenção. Esta ação por parte do criminoso não necessariamente é física, afinal, o profissional da segurança lê gestos e atitudes, olhares e sinais, percebendo ações do criminoso antes mesmo delas acontecerem. Onde sua resposta então sempre será uma reação. 
Em muitos momentos o vigilante pode ter que depender exclusivamente de técnicas de defesa pessoal. Agir com discrição, evitar tumultos, pânico, violência em excesso, tiros perdidos, são obrigações de um profissional de segurança. O grande problema é a falta de capacitação adequada que inviabiliza o uso de técnicas de defesa pessoal para a maior parte dos profissionais de segurança privada. Falta de treinamento adequado! A maioria dos profissionais infelizmente treina técnicas de defesa pessoal somente nos cursos de formação e de reciclagem, quando existem. 
Existem três falhas principais que deveriam ser corrigidas para suprir essa capacitação: 
A primeira falha é da própria legislação atual que define no currículo obrigatório uma carga horária de apenas 20 horas para a defesa pessoal. Qualquer especialista da área sabe muito bem que com esse número de horas é impossível dar uma boa noção de técnicas de defesa pessoal que serão utilizadas para preservar a integridade física do vigilante e das pessoas sob sua responsabilidade. Também é bom lembrar que muitos destes profissionais de segurança nunca praticaram nenhum esporte e até tem várias restrições físicas para a prática da disciplina de defesa pessoal, dificultando ainda mais um bom aprendizado. 
A segunda falha é das empresas de segurança privada que deveriam investir mais no homem que assegura a qualidade do serviço que é oferecido aos clientes. A maior parte cumpre apenas o que a lei manda, mesmo sabendo que existem sérias deficiências na preparação do profissional que estão colocando no mercado de trabalho. Há ainda aquelas empresas que nem o que a lei têm como mínimo cumprem. 
A terceira falha é do profissional de segurança (vigilante, agente de segurança) que deveria procurar a capacitação técnica por sua própria conta. É bom lembrar também, que a prática de uma modalidade de defesa pessoal é um investimento nos maiores patrimônios que o ser humano possui – sua saúde e sua vida. 
Existe um questionamento freqüente nas aulas de defesa pessoal nos centros de formação de vigilantes – qual é a melhor técnica para defesa pessoal, visto a enorme gama de artes marciais e esportes de combate hoje existentes. Muitas das artes marciais e esportes de combate que poderiam ser utilizados para defesa pessoal, se prendem a aspectos esportivos, deixando de lado sua origem e objetivo primário que é a sobrevivência perante o inimigo, acabando desta forma totalmente com sua efetividade em situações reais. Técnicas de defesa pessoal têm sua estratégia particular. Existe um sábio ditado que diz: "Lutamos da forma com que treinamos". Desarmar um bandido armado é com certeza um dos mais perigosos momentos da vida de uma pessoa. A formação do profissional de segurança deve ser a mais abrangente possível, não se limitando apenas a parte física, mas a preparação emocional e mental também. 
Para uma técnica de reação ser efetiva, devemos trabalhar em 3 aspectos: 
Auto Controle – para adquirir confiança, controle da dor, rapidez mental; 
Controle do Adversário – onde se estudam as melhores técnicas a serem utilizadas; 
Controle da Situação – onde se estuda o melhor momento para a reação. 
Fundamentos 
Auto Controle
Se optar por uma reação, devemos primeiramente acreditar que podemos reagir, a insegurança gera a dúvida, a dúvida gera o erro, o erro pode ser fatal. Repito: "Só efetue a reação se acreditar que pode e se tiver certeza que deve fazê-la". 
Controlar o medo não é eliminá-lo, mas fazer dele seu aliado. O medo deve ser canalizado para utilizar uma técnica que irá incapacitar o oponente imobilizando-o. Do contrário o medo paralisará suas ações e você se tornará um alvo mais fácil. 
Imagine a situação: todos os dias sendo atacado pelas costas com um soco. Terrível não? Quantas vezes seriam necessárias para você estar atento a tudo que acontece a seu redor? O ser humano tem a incrível capacidade de se adaptar e se moldar de acordo com a situação. Deve-se desenvolver uma capacidade de antecipar o perigo, principalmente aumentando o grau de atenção. 
O que fazer? É uma pergunta difícil não é mesmo? O treinamento fortalecerá seu corpo, com o tempo os ataques serão cada vez mais fáceis de serem defendidos, o contra-ataque acontecerá de forma cada vez mais natural, seus golpes se tornarão rápidos e precisos. 
Controlar o adversário 
Para controlar o adversário é necessário aplicar a técnica adequada, no momento adequado, ou seja, moldar-se à situação conforme a proximidade, peso, altura, base de pernas, posicionamento, olhar, estado de alerta, ansiedade e outros fatores que exigem presteza do corpo e da mente. A maior parte das artes marciais e esportes de combate não preparam o segurança para enfrentar situações reais. Uma coisa é ganhar um campeonato ou fazer uma simulação de defesa contra arma de fogo, outra é estar frente a frente com uma pessoa que irá matá-lo se cometer uma falha. Uma técnica deve ser fácil de ser aprendida, simples de ser executada e principalmente eficiente. Um golpe bonito, uma medalha no peito, uma técnica muito elaborada, ou até um chute no "teto" podem impressionar, mas não garantem sua sobrevivência numa situação real.

Para dominar uma técnica é necessário seguir alguns princípios:

 

     

1. Princípio da Repetição: É necessário repetir tantas vezes quanto forem necessárias para incorporar a técnica, fazendo que o tempo entre você pensar e agir seja cada vez menor. O movimento deve ser o mais natural possível, a reação deve ser imediata. Chamamos isso de movimento instintivo/reflexivo. 
2. Princípio da Dor: A dor é o domínio sobre o seu adversário, quanto maior a dor, maior será o domínio. Podemos utilizar a dor para fazer o adversário ficar paralisado, destruir sua integridade física ou para distraí-lo. Este talvez seja o principal princípio para o controle do adversário. 
3. Princípio da Adaptação: Não é o fator de domínio do adversário que se adapta a técnica, mas a técnica se molda ao adversário. Conhecer os detalhes que fazem a técnica ser efetiva é fundamental, poder adaptá-la ao adversário é a diferença entre viver ou morrer. 
4. Princípio da Mudança: Quando uma técnica não der resultado, mude para outra técnica. O adversário está dificultando a realização da técnica? Você tenta aplicar uma torção e não consegue? Mude a técnica para um soco ou cotovelada, ou altere a alavanca, somando a força do adversário à sua. 
5. Princípio da Versatilidade: Uma técnica para várias situações, várias técnicas para uma situação. Quanto maior a versatilidade e conhecimentos do lutador, maiores serão suas chances. 
"Você luta de acordo com o seu treinamento". Se a vida inteira apenas fizer simulações, nunca saberá se está apto a se defender. É necessário fazer lutas o quanto mais próximas da realidade for possível. Luta de pé, luta
de solo, chaves, projeções, imobilizações, movimentações, etc. Quanto maior for sua versatilidade, melhores serão suas chances. 
Controle da situação 
Você pode controlar a si mesmo, ter uma técnica perfeita para controlar o adversário, mas isso não garante sua vida. Mostremos um exemplo: Um "faixa preta" estava voltando para sua casa quando percebeu um menor roubando o toca fita do seu carro que estava estacionado na rua. Atacou o menor com um soco, porém este não estava sozinho, um outro menor atirou em suas costas e ambos saíram correndo. O agir sem avaliar corretamente o risco é sempre muito perigoso. 
Se você não fizer nada, garantirá que vai permanecer vivo? Pode ser que não. Outro exemplo: Um assaltante levou uma pessoa em um seqüestro relâmpago, pegou sua carteira, sacou o dinheiro do caixa eletrônico, foi até um local afastado, e matou a vítima. Em nenhum momento esta esboçou uma reação. Pense nisso. 
Nas situações de perigo é necessário avaliar corretamente o risco e estar apto a decidir se irá ou não efetuar uma reação. O ladrão quer apenas seu dinheiro? Ótimo entregue o dinheiro e não reaja. O ladrão vai atirar? Reaja com todas as suas forças e acabe com ele primeiro sem hesitar. A correta avaliação do risco depende da somatória de seis pontos: 
1. O que o criminoso quer, tente perceber quais são suas intenções; 
2. O que você têm a oferecer a ele, muitos criminosos matam apenas porque a vítima não tem dinheiro; 
3. Qual risco você representa ao criminoso, o criminoso não hesitará em atirar se em algum momento você esboçar uma reação (muitas mulheres perderão a vida em cruzamentos por acelerar o carro tentando fugir de um roubo); 
4. Qual o comportamento que ele demonstra (nervoso, drogado, irritado, etc.); 
5. Quais as chances de êxito do crime perante as dificuldades apresentadas até o momento (analise a distância que o separa do marginal, qual o tipo de armamento utilizando, quantas pessoas estão envolvidas, etc.); 
6. Como os criminosos têm agido ultimamente –

modus operandi – sabendo que os marginais ultimamente têm matado suas vítimas pode ser que a melhor escolha seja reagir. 
Analisando estes cinco pontos de dois prismas: do seu e do criminoso, ou seja, se você fosse o criminoso, com a provável situação sócio-econômica dele, o que pensaria e o que faria? 
A defesa pessoal não é uma disciplina obrigatória por acaso. É importante ressaltar que o treinamento não deve ser apenas durante os cursos obrigatórios, sendo necessário regularidade para aprimorar a técnica e o nível de condicionamento físico. Um dos pontos que utilizo para motivar o aluno é dizer que o fazemos um duplo investimento quando freqüentamos constantemente aulas de defesa pessoal: primeiramente no âmbito técnico, adquirindo melhor capacitação para exercer com maior segurança sua atividade profissional – em segundo, começa um trabalho de atividade física que irá proporcionar melhor qualidade de vida. Quem já trabalhou na área de segurança sabe que a atividade exercida pelo profissional de segurança privada é extremamente desgastante. É comum uma jornada de 12 horas sentado em portarias de empresas ou 12 horas postado na frente de uma empresa. Isso acarreta uma série de problemas de saúde, sendo comum antes do início das aulas, vários alunos apresentarem atestados médicos pelas mais variadas doenças. O próprio conceito de empregabilidade poderia ser colocado, uma vez que é muito mais difícil a recolocação no mercado de trabalho estando doente, do que gozando de uma boa saúde. 
A defesa pessoal também contribui para as habilidades físicas do indivíduo dando mais força, flexibilidade, equilíbrio, coordenação motora, velocidade, agilidade e resistência, ao mesmo tempo trabalha a parte emocional proporcionando maior determinação, coragem, autoconfiança, autodisciplina e espírito de equipe. 

Defesa pessoal - Uso de Armas não Letais - II 
Pessoas que trabalham na área de segurança seja pública ou privada devem ter procedimentos que defina qual é a resposta para situações de agressão na proporção exata de acordo com a violência perpetrada. 
As forças de segurança devem usar um gradiente de força que mostra alternativas que seguem o preceito de uso proporcional da força, estando dessa forma amparados nos aspectos moral e legal.O uso excessivo, indevido ou arbitrário de força que causem danos físicos ou morais, não deve ser permitido pela sociedade civil e precisam ser fiscalizados pelos órgãos responsáveis pela manutenção da ordem e do estado de direito que preservem os direitos individuais. 
A atuação de equivocada de policiais ou seguranças mostra o despreparo e falta de treinamento que gera medo e revolta na população, descrédito das instituições e condenação pelos órgãos de imprensa. Quando falamos de profissionais de segurança pública ou privada devemos lembrar da Declaração Universal dos Direitos Humanos que em seu artigo terceiro diz: 
"Todo indivíduo tem direito à vida, à liberdade e à segurança pessoal". 
Embora esse artigo defina a necessidade de proteger o cidadão, devemos lembrar que isso abrange sua dignidade. O profissional de segurança deve respeitar e fazer cumprir as leis e normas vigentes ao mesmo tempo evitar a responsabilidade civil ou penal que o uso indevido ou exagerado da força produz. É interessante ressaltar que isso não significa ter uma atitude passiva que paralise suas ações e ameace a sua integridade física ou moral. Nesse contexto é importantíssimo que o agente de segurança seja equipado com recursos que aumentem sua segurança, ao mesmo tempo tenha a capacitação necessária para sua utilização de maneira efetiva e finalmente tenha treinamento e domínio de procedimentos e técnicas para sua defesa pessoal. Exemplificando a questão podemos citar um segurança que tem apenas um cassetete em seu cinturão, não tendo sido treinado em técnicas de defesa pessoal, irá utiliza-lo para desferir golpes contundentes ao invés de tentar aplicar uma chave de braço para controlar o agressor.
O grande problema em relação a maioria dos profissionais da área de segurança privada é a falta de investimentos em treinamentos constantes, que tiram sua capacitação de lidar adequadamente com situações de risco, ou seja, o primeiro recurso que o vigilante utiliza normalmente é a arma de fogo e não a defesa pessoal. 
A força utilizada deve ser baseada na situação que o agente de segurança enfrenta e deve ser imediata. A força utilizada tardiamente caracteriza punição do individuo que não cabe ao agente de segurança julgar, proferir e executar a sentença. O objetivo de utilizar a força é neutralizar o individuo em sua ação que caracterize desrespeito as leis, ou que possam causar mal de acordo com a sociedade que esse indivíduo convive. É importante definir que o agressor é quem comete a ação e o agente de segurança apenas reage, gerando uma resposta defensiva.O nível de ameaça que o agressor representa é proporcional a força que será utilizada para conte-lo. A avaliação da situação deve ser a somatória de vários fatores relacionados ao agente de segurança ou ao agressor como, por exemplo, a idade, sexo, tamanho, porte, preparo físico, nível de habilidade, relação numérica entre agentes de segurança e agressores, etc., bem como circunstancias especiais, como a proximidade do oponente a uma arma de impacto ou de fogo, o conhecimento de informações relevantes sobre a periculosidade do oponente, o fato do agente de segurança estar ferido ou exausto ou em posição vulnerável, etc. Um agente de segurança sozinho pode utilizar um nível de força maior contra vários oponentes, mas se oponente for muito mais fraco e representa um risco menor, é recomendado não escalar no uso da força.A percepção da totalidade da situação que proporciona a escolha e dosagem do nível de força que será utilizado para conter o agressor.
 
Nivel gradiente de força
O vigilante fardado, atento, com uma boa postura é um fator inibidor, onde apenas a sua presença pode evitar que uma ação criminosa seja consumada. Desta forma, não devemos considerar os valores destinados a segurança patrimonial um custo e sim um investimento que se justifica pelos altos índices de criminalidade que assola a sociedade. Nos casos onde o agressor está nervoso é recomendado negociar tentando diminuir a tensão, como por exemplo, se a situação envolve reféns um bom negociador pode fazer o marginal se entregar preservando tanto a vida do próprio marginal quanto dos reféns. Uma situação com um familiar nervoso ou um agente de segurança em público, devemos optar por técnicas que não causem constrangimento ao mesmo tempo em que preservam a integridade física do agressor. Nesses casos é altamente recomendado o uso de chaves de braço, por exemplo.Em alguns casos por não termos o treinamento necessário para aplicar uma técnica de controle para restringir os movimentos ou conduzir a pessoa, o uso de armas não letais, intimida o agressor e inibe a escalada da violência. Será mais difícil avançar contra um vigilante que exibe seu cassetete. Em situações onde há mais de um agressor e estamos sozinhos, não é recomendado tentar aplicar uma técnica de controle. Enquanto imobilizamos um, o outro elemento pode atacar, desta forma, ao invés de controlar, um golpe contundente (soco, chute, cotovelada, etc.), não expõe tanto o segurança possibilitando eliminar a ameaça rapidamente se tiver o treinamento necessário.
A última opção é o uso de armas letais, apenas em situações de legítima defesa, especificadas na lei, justificam seu uso. São importantes o bom senso e a responsabilidade, além é claro do treinamento adequado. É importante ressaltar que podemos pular etapas no gradiente de força, se uma pessoa estava apenas agredindo verbalmente o agente de segurança e tentávamos negociar, se este escala na violência e tira um revólver repentinamente, podemos fazer uso de meios letais para nos defender. O momento é que decide qual é a melhor resposta.Existem sub-níveis em cada
nível de gradiente de força, por exemplo, imagine onde um agente de segurança tenta retirar uma pessoa de um local, sorrimos e pedimos educadamente, se ele não concorda, aumentamos o tom e solicitamos com maior ênfase, se ele nos ofende, usamos um comando autoritário e assim por diante e estávamos apenas no nível da negociação. 
Os níveis de gradiente de força devem ser constantemente treinados para que em uma situação de risco decidirmos imediatamente nossas respostas de maneira correta, diferenciando o bom do mal profissional.

 

 
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